O TEMPO… NOSSO ALGOZ

E o tempo, carrasco e intransigente,

nem se dá conta, da leve brisa nas folhas;

no rio que passa, em todo o seu esplendor;

nas flores abrindo-se, para o sol matinal,

numa entrega total, que a mãe natureza nos

empresta, para os sentidos mais apurados.

Relógio bruto, de todas as angústias,

ao Homem, uma mão cheia de nada, lhe

delegou. Do trabalho para casa, de casa

para o trabalho… que lhe diz o vento, que

passa? Que é vento e que já passou…

Ponteiros bruscos, criaram raiz, no verdete

das estátuas; no aglomerado das aves, sempre

iguais: constrangimento aflitivo, de quem

se vê privado, de sua espontaneidade.

Já nem há tempo para o tempo, dominados

que fomos pela sua tirania, onde o que conta

são as normativas restritas, que não

nos contempla, de tão ínfimos que somos –

descartáveis.

E entranhando-se nas esquinas e nas escadas,

tudo controla, desde os passos mais

apressados, ao bom-dia, que não chegou, a

quem connosco se cruza nos caminhos viciados.

Quebrem-se todos os relógios… ignore-se o tempo,

que nos castra, pensamento e acção!

Jorge Humberto

18/08/08

Jorge Humberto
Enviado por Jorge Humberto em 19/08/2008
Código do texto: T1135373
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