Novela das oito

Não quero mais a futilidade industrializada em massas

Estampada em folhas de jornais e em capas de revistas

Exibe a ignorância e o conformismo barato

Que cobram caro por nossa fidelidade

Exigindo mais espaço, mais compasso.

O que antes era novo, hoje é ultrapassado;

O passado ficou fossilizado numa estante de vidro

Nós, espectadores passivos, aplaudimos quimeras

Vivemos na utopia desenhada em cenários remotos

Cenários com finais felizes e beijos apaixonados

Gritos calados quando abaixo o volume...é o choro.

É o choro de fome que cala o grito;

Não temos voz para elevar,

Por isso levamos a pior sempre...

E cada vez mais o café é ralo e amargo,

A panela sorri banguela mostrando o nada,

Espelhando o rosto enrugado e sem esperança,

As mãos estendem trocados em busca de fé,

Em troca tem a garantia de lugar perfeito.

Quem paga mais, apaga mais!

Todos somos desiguais diante da sobremesa.

Sobre a mesa os talheres tilintam em vão,

Raspam o vidro vazio de mais um prato limpo,

Todos os dias, antes do final da novela!

Valter Pereira
Enviado por Valter Pereira em 15/08/2008
Código do texto: T1129568
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