Novela das oito
Não quero mais a futilidade industrializada em massas
Estampada em folhas de jornais e em capas de revistas
Exibe a ignorância e o conformismo barato
Que cobram caro por nossa fidelidade
Exigindo mais espaço, mais compasso.
O que antes era novo, hoje é ultrapassado;
O passado ficou fossilizado numa estante de vidro
Nós, espectadores passivos, aplaudimos quimeras
Vivemos na utopia desenhada em cenários remotos
Cenários com finais felizes e beijos apaixonados
Gritos calados quando abaixo o volume...é o choro.
É o choro de fome que cala o grito;
Não temos voz para elevar,
Por isso levamos a pior sempre...
E cada vez mais o café é ralo e amargo,
A panela sorri banguela mostrando o nada,
Espelhando o rosto enrugado e sem esperança,
As mãos estendem trocados em busca de fé,
Em troca tem a garantia de lugar perfeito.
Quem paga mais, apaga mais!
Todos somos desiguais diante da sobremesa.
Sobre a mesa os talheres tilintam em vão,
Raspam o vidro vazio de mais um prato limpo,
Todos os dias, antes do final da novela!