NO MAIS PROFUNDO DOS INFERNOS
Sentir a altura do abismo,
à beira do precipício.
Olhar ao redor, pouco antes
da queda definitiva.
Num salto insano,
adentrar o inferno.
Nas desesperanças
romper com os abrigos,
na falta de crenças,
o suicídio moderno.
Dispensar os subsídios
feitos de tantas migalhas.
Farta de ausências,
a alma se perde...
se arrasta.
Nutrida de carências
a ilusão nunca basta.
Gasta, corrói,destrói
os pilares da certeza.
Olho pela última vez
o que deixei sobre a mesa...
sensação de impotência,
distante da alternativa.
Início inexistente,
torpor que a tudo consome...
forçada a abstinência,
o frio e o vazio se fazem.
Dias que passam à esmo,
as desgraças que eles trazem.
E a minha condenação
é saber que aida estou viva.