Seriam os avôs astronautas?

Vovô

não se engane, nem se estorve

não se preste ao luto

eu reluto

e relato

que tua vida nem começou

pois este é o momento

que antecede

seu nascimento

você está deitado

em nosso ninho,

alimentado

em seu cordão umbilical

estilizado

mas não menos maternal.

Depois desta gestação

em outra esfera

de outro mundo

o sr. nascerá

bem recebido será

envolvido

num manto quentinho de nuvens

e as estrelas em um móbili

a lhe ninar.

E aí enquanto estivermos saudosos

no espaço, o sr. fará passeios gostosos

nos rabos dos foguetes

e as estrelas cadentes

riscando o espaço

em seus lençóis brilhantes

serão seu para-pente

E nós aqui diremos

"nunca houve alguém como o vô João"

talvez choremos

o sr. sabe

mas não será grave!

estaremos dispostos a tentar ensinar

ao menos tentar, ou reproduzir

aquela sua gargalhada

que só o sr. sabia dar.

E aperte os cintos

que no rabo desta estrela

sua viagem acabou de começar

que céu tem de sobra

e muitos buracos, de muitos vórtices

de 0 vértices, pontos, planos ou paredes

pra em muitos foguetes

o sr. viajar.

E que alegria ter um vovô astronauta!

pra explorar tantos planetas, desenhar em suas areias!

colher morangos marcianos, chandeles selenitas!

cambalhotas absurdas, risadas infinitas!

E que bom que o universo não tem beira,

que não há pé nem teto!

e assim todo riso terá eco,

sacudindo no céu cada estrela!

pois no céu não há tristeza, veja os balões!

veja o sol, os cometas

veja os planetas!

que assanhados, que lusco-fuscantes!

saem piscando o céu, triunfantes!

uma beleza! quase uma afronta

de tão agressiva e tonta

"Dor? que besteira!"

dando de ombros

numa enorme brincadeira.

Dedicado á "O" avô: João Cataldo.

Maeve Tasadür
Enviado por Maeve Tasadür em 01/08/2008
Reeditado em 02/04/2011
Código do texto: T1107265
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