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               INSOLITUDE


        

     "...executo meus versos na flauta das minhas vértebras..."
                             (Maiakóviski)

                  (líricas de um evangelho insano)
                           

Meu solitário vôo
desprende-se de mim

a viagem é longa,
doem meus lírios de sal
Afinal a que longitude estou?

a que latitude estarei ?!

devo estar em ti eu sei
mas quero o dia e a noite

pra te oferecer agora

quero a eternidade dos pássaros
para te cinzelar

quero  este agora para morrer

A pedra se ramifica,

uma árvore se ergue até o sol

na concha das minhas  mãos a água

escorre da tua  candeia

 os ventos com seus braços

carrega com o aroma de seus óleos
as minhas asas

e essa noite 

em mim se derrama,
sobre as pedras do meu silêncio

Ouço teu cântico em volta da terra

afundo os meus pés no deserto deste céu

um grande painel de teclas goteja

dos meus olhos,

serei virtualidade ou realidade?!

No telhado de vidro

deste vitral do mundo confundo-me

Sou a densidade  em escalas

notas entre sustenidos, bemóis,

claves...claves....chaves!!!

Em Sol maior o meu grito,
onde está voce agora?!!!

Apenas um botão aceso na rocha fria,
 na mesa, m
eu  cálice de sangue   amanhecendo

Venho de uma pátria perdida
s
abes de onde venho  sei que me sabes

de um povo de um sol distante

onde habita  um coração sem limites

sou apátrida

nesta acústica
desse grão de mostarda,

sob as  foices  desse tempo arado

tempo gado de ovelha chorado

de flores pisoteadas pelas calçadas,

Joshua Bell tocou violino no metrô ontem
não foi reconhecido,

o violino chorou 
na estação iluminada por Caravaggio

mas seu canto ecouuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuu

sofro as dores desses bancos de praça vazios

desses partos cansados.

O termômetro me avisa sobre o frio

cobertas de geadas brancas na aldeia 

mas dona glorinha traz o pão quente

de farinha integral em latitudes
eu também já digo que não sei conviver 
sob esses semáfaros

prefiro o olhar dessas esfinges verdes das montanhas
Doem-me esses  comboios de girassóis humanos,

essas Troias envenenadas pelos gases da ilusão

Essa minha alma habita um estranho jardim
não o estranhe em mim,

é  nele que me habito contigo,

você é meu verso mais puro,

sou livre em ti! 


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