machado

Machado poderia saltar em vida, num conto novo.
Olhar-me em pele... Correr em versos... Fazer-lhe assento...
Nem missa, nem galo... Nem igreja, nem captu...
Quem sabe memórias... Embora póstumas... Embora, eu em sangue nu.

Revira-me os olhos, feito grão... Tão sorrateiros...
O jeito manso do sofá, em dobra dos tornozelos...
Nem morte ou vida, apenas o parar do tempo...

Um conto novo... Contado em gomos...
Deslizar as letras, em pena fina.
Saltar em épocas...
Desconstruir tudo... Da prosa à rima.

Machado que me perdoe... Meu conto tem seus fetiches...
Uma sociedade em peso... Vivendo num só limite.
Um conto, em espécie... Rodado em cara-metade...
O zunir do metal em vil... Do baú do estereótipo.

Um conto tecido a frio...
Sem dó do que é a agulha real...
Desconstruir, da linha, o absurdo.
Configurar o ficcional.

No corte, do conto em cume...
O machado bem afiado.
Não encontrará barreiras...
nem de frio, nem do amor em punhado.

Ah! Que conto, que eu conto agora...
Tão lindo, feito às claras...
Sem olhos dissimulados.
Da moeda, as duas caras.

Machado que me perdoe,
Fiz um canto, da verdade.
Quatro lados do amor puro.
Dois rebentos da realidade.






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