Pau de arara

Por estradas tortuosas
Vão seguindo os emigrantes
Levam os filhos pequenos
Em seus braços adormecidos
Os trecos que lhes pertence
E seguem no pau de arara

Devotos e retirantes
Vão com muitas esperanças
Brilho nos olhos e cansaço
Vão à busca de remédios
Para todos os seus males

Não importa a distância
O desconforto e cansaço
Tendo por serva a sorte
Pelas desérticas estradas
Entre abismos e penhascos
Vão entre sacolejos
E o pouco que tem reparte

Seguindo lentos e mudos
Neste confuso refúgio
Entre nuvens de poeira
Vão deixando os seus rastros
Não dormem e apenas cochilam
Vão à cima das bagagens

Não importa o que virá
Em sua luta e fuga
Com os cabelos flutuando
Jogam toda sua vida
Neste velho pau de arara.
Maria Socorro Costa
Enviado por Maria Socorro Costa em 23/06/2008
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