Rio Ribeira - Pedras

Ribeira - Pedras

Nas paredes deste rio

Triste quadro se apresenta

Almas sendo penduradas

Numa forma de pingente

Gente imitando pedras

Pedras parecendo gente

Pelas encostas empilhadas

Numa vida deprimente

Almas que são rejeitadas

Pelo asfalto e o progresso

Não conseguiram ingresso

Pra quimera prometida

Assim seguem suas vidas

Numa rotina sem fim

São os quilombos modernos

A espera de Zumbis

Ao longo de suas margens

Aglomeram se casebres

Que cobrem almas inermes

Como as casas, muito pobres,

Confundem se nas paisagens

De gado, pedra e capim.

Disputam suas moradas

Com quem já chegou ao fim

Como as águas deste Rio

As esperanças escorrem

Fluem destes casebres

Deixando eles vazios

De sonho e de alegria

Da felicidade que um dia

Escondeu se entre a fumaça

Que destes ranchos fugia

Gente pobre abandonada

No meio de tanta terra

Entre o rio, entre a serra,

Habita este despautério,

E não querendo perecer,

Segue seu sobreviver,

Vão fazendo de morada

Um antigo cemitério

A miséria se espalha

Como areias ao vento

Alastra se aos poucos

Não pede consentimento

Nos infesta e toma o ouro

E as riquezas sem conta

Não param mais de fluir

Para o imenso sumidouro

Pendurados nas barrancas deste rio, estamos todos apenas à observar,as águas que correm, as matas que morrem, as madeiras gemendo nas serrarias,as poucas matas virgens sufocando pela ganância e pelo pinus, nossa paisagem devorada pela falta de percepção e de opção ,e os arautos deste progresso, em criminoso regozijo. Quando deveriam se lamentar pelo futuro que nos tragará à todos.

Urano de Sousa 221107

Urano
Enviado por Urano em 22/06/2008
Código do texto: T1045743