A festa da poesia
eu fui na festa da alegria
onde a falsidade entrou sem convite
embrenhando-se nas tranças compridas das moças
e se um sorriso atravessava meu caminho
minha dor atropelava
resolvi subir a escada
amidirar a paisagem oferecida de cima
vi celeiros e vi estradas
vi na escuridão das matas uma possivel morada
uma cena de felicidade,
morou em minha cabeça por segundos
meus pés em sigilo mexiam-se a cada instante
ouvindo uma bossa nova tocar
"carta ao tom"
e que ótimo som ecoava ali
todos a balançar os meus olhos
todos a remoer os meus medos
sem perceber, preenchendo
"é preciso acabar com a tristeza e inventar de novo o amor"
e se vinicius reclamar com diplomacia
reclamo eu agora com rebeldia
tendo tanto amor o quanto ele tinha no coração
fazendo da poesia e da rebeldia
morada de seres comuns
livres de posse
e de orgulho
simplesmente poeta
sem medo do que diz ou escreve
sem medo da dor ou da miséria
da angústia
da solidão
e com a certeza do sucesso
sem precedentes