Amarrando os cadarços

lá no beco da sujeira

tem pão, leite e coçeira

tem pulga, ratos e muitos cães

que latem sempre quando chega alguém

quando estamos sozinhos ouvimos vozes amigas

que vem do pensamento, da fogueira interna

mas se estamos agitados e mal acompanhados

pensamos besteira e negamos nossa vontade

por causa de estrelas e luz

brilhos e beijos

toques de instrumentos desafinados

mudando sempre a direção do trilho do trem

que gira sempre retornando aqui

um aqui que ferve como um vulcão excitado

cheio de lava a brobulhar a todo instante

eu vou rasgar meus cadernos pois não sei mais escrever

e porque reclamo demais

e não sei muito bem viver aqui

mas mesmo assim insisto em deixar o recado

pra quem debocha ou pra quem lê

que todo o absorvido veio de onde

nunca imaginei

e mesmo assim, com toda esta aflição

todo dia aparecem na minha vida

coisas que eu já sonhei

e prevendo o futuro involuntariamente

encosto minha begala no muro

e sento pra fumar um cigarro

amarrando meus cadarços

rdeorristt
Enviado por rdeorristt em 15/06/2008
Reeditado em 15/06/2008
Código do texto: T1034886