Amarrando os cadarços
lá no beco da sujeira
tem pão, leite e coçeira
tem pulga, ratos e muitos cães
que latem sempre quando chega alguém
quando estamos sozinhos ouvimos vozes amigas
que vem do pensamento, da fogueira interna
mas se estamos agitados e mal acompanhados
pensamos besteira e negamos nossa vontade
por causa de estrelas e luz
brilhos e beijos
toques de instrumentos desafinados
mudando sempre a direção do trilho do trem
que gira sempre retornando aqui
um aqui que ferve como um vulcão excitado
cheio de lava a brobulhar a todo instante
eu vou rasgar meus cadernos pois não sei mais escrever
e porque reclamo demais
e não sei muito bem viver aqui
mas mesmo assim insisto em deixar o recado
pra quem debocha ou pra quem lê
que todo o absorvido veio de onde
nunca imaginei
e mesmo assim, com toda esta aflição
todo dia aparecem na minha vida
coisas que eu já sonhei
e prevendo o futuro involuntariamente
encosto minha begala no muro
e sento pra fumar um cigarro
amarrando meus cadarços