Aquarelada

Papel em sopa d’água

que escorre e respinga

no cimento.

O preparo das tintas de pequenos tubos metálicos,

os folguedos impensados.

O pincel desliza,

ara o terreno branco.

Minhas mãos,

como oníricas manchas,

povoam de verde, cinza e azul

o recanto das ideias.

A aquarela se impõe por si mesma.

Não precisa de técnicas apuradas

e diamante.

Nasce do incerto.

Igrejinhas povoam

um campo verdejante

e alteroso.

Imaginária de Minas.

Palmeiras de Guignard:

improviso.

Borrões de arrebol.

Explosões rubras e amarelas.

Céu roxo,

um sudário.

Estradinhas brancas,

nós de areia.

Estradinhas brancas

me trazem de volta.

A aquarela danifica

o papel sem qualidade.

Amassa o peito.

Povoa o sonho.

Traduz.