Confronto

A paz bateu em minha porta mas não pude atender, estive muito envolvida na inebriante névoa do desassossego que às vezes surge evitando pensamentos demasiados difíceis de se lidar.

A paz bateu forte mas ela me remetia a solidão que perturba a minha alma.

Ela bateu novamente mas eu estava em um momento onde ela não poderia existir, caso fosse aceita ela não perduraria por muito tempo.

Sem olhar para o dia e para as paisagens e passagens de um tempo estranho fui em frente, quase imparável, não pude olhar pra trás, não pude olhar pra mim, não quis me enxergar, era muito difícil me encarar, muito difícil seguir o caminho correto.

Alí naquela cadeira rodeada por folhas secas e palavras silenciadas que gritavam fortemente em minha mente consegui respirar, consegui entender que para caminhar as vezes é preciso parar, é necessário se perdoar uma e outra vez.

Foi aí que permitiu a cortina densa e fria se abrir, a encarei profundamente frente a frente com o espelho e a paz veio lentamente adentrando pelas frestas, tornando-se real.

A paz bateu, eu a deixei ficar.