O Grito do Quero-Quero
No vasto pampa, silêncio ressoa,
Onde o vento minuano sua história entoa.
Em meio ao campo, altivo e sincero,
Ergue seu grito o velho quero-quero.
Sentinela das coxilhas, guarda atento,
A ave sagrada do nosso firmamento.
Seu canto ecoa, destemido brado,
Protege o rincão, o chão consagrado.
Das manhãs frias ao calor do sol poente,
O quero-quero vigia, sereno e valente.
Com olhos de fogo, faro aguçado,
Ele conhece o pampa, seu campo sagrado.
É mais que uma ave, é parte do chão,
Sabe dos passos que sulcam o rincão.
Avisa ao peão, ao gado e ao estradeiro,
Que o campo é seu lar, seu campo inteiro.
E assim, no pampa, o gaúcho caminha,
Guiado ao longe por essa ave mesquinha,
Que, em seu brado, cuida e alerta,
Do seu chão gaudério, da sua querência aberta.