Nos Compassos da Tradição
Quando o som da cordeona ecoa no pago,
É a alma gaúcha que dança e festeja,
Num balanço firme, o compasso é um afago,
Que o corpo entende, e o coração festeja.
Ressoa o violão, vibram as milongas,
Chula e vanera, em roda e paixão,
Cada passo é raiz que o chão prolonga,
Em terra e céu, num só coração.
É no entrevero que o povo se encontra,
Gira a saia leve, arrasta o pé no chão,
É dança que a tradição desencontra,
Mas guarda o pampa em cada canção.
E o gaiteiro, mestre de tantos rincões,
Comanda o baile, respeita a essência,
Nas notas se escondem velhas canções,
E o espírito livre da nossa querência.
Cada par que roda celebra a história,
De um povo forjado em céu e fronteira,
Que no balanço dança a memória,
De lutas e amores que o tempo ainda cheira.
Então, ao som da gaita, que o mundo escute,
Que a dança gaúcha é mais que um bailado,
É o coração do pampa que pulsa e relute,
Na música e na vida, eternizado.