O Tempo e a Sabedoria do Gaúcho
No compasso lento do pampa sereno,
Onde o sol desponta e finda sem pressa,
O gaúcho aprende o valor do terreno,
Que ensina no silêncio, mas nunca regressa.
Viu a pele marcar o traço do tempo,
No rosto curtido e na mão calejada,
É sábio quem sente no sopro do vento,
As histórias antigas, guardadas na estrada.
Cada ruga é um mapa de velhos caminhos,
Cada passo é um eco de tempos vividos,
Na alma carrega os conselhos, os ninhos,
De tantos que antes plantaram sentidos.
Sabe que o mundo se rende à mudança,
Que a vida é um ciclo de idas e voltas,
Mas guarda consigo, como uma aliança,
A verdade simples que o campo escolta.
Pois não é no grito que a força se cria,
Nem no ouro que o valor se sustenta,
É no mate amargo, na paz do dia a dia,
Que o velho gaúcho a existência alimenta.
Tempo e gaúcho caminham de mão,
Na lida, no fogo, na noite estrelada,
E quem busca entender a razão do rincão,
Descobre no tempo a vida ensinada.