Mateando com a Saudade

No amargo quente do mate, me achego e paro,

O silêncio fala mais que o vento lá fora, claro.

Na cuia, gira o tempo, histórias que se foram,

Lembranças que o coração guarda e choram.

Sinto o cheiro do campo, o estrondo do cascalho,

O ar das manhãs frias, a cor do orvalho.

É saudade do pago, dos dias de outrora,

Onde o céu se abria e o sol, devagar, demora.

Lembro do velho galpão e dos causos contados,

Dos olhares firmes, dos amigos calados.

Cada volta de mate, um pedaço de mim,

Que o tempo não leva, mas que fica no fim.

A saudade mateia fundo, me aperta o peito,

E a cada gole amargo, parece que aceito

Que o que foi já não volta, mas vive em lembrança,

No mate e na roda, guardo a esperança.

Porque na querência antiga, sempre vou voltar,

Nem que seja no sonho, pra um pouco ficar.

E ali, mateando com a saudade tão sentida,

Revivo o pago amado, a história da minha vida.

Thiago Sasso
Enviado por Thiago Sasso em 25/10/2024
Código do texto: T8181760
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