Mateando com a Saudade
No amargo quente do mate, me achego e paro,
O silêncio fala mais que o vento lá fora, claro.
Na cuia, gira o tempo, histórias que se foram,
Lembranças que o coração guarda e choram.
Sinto o cheiro do campo, o estrondo do cascalho,
O ar das manhãs frias, a cor do orvalho.
É saudade do pago, dos dias de outrora,
Onde o céu se abria e o sol, devagar, demora.
Lembro do velho galpão e dos causos contados,
Dos olhares firmes, dos amigos calados.
Cada volta de mate, um pedaço de mim,
Que o tempo não leva, mas que fica no fim.
A saudade mateia fundo, me aperta o peito,
E a cada gole amargo, parece que aceito
Que o que foi já não volta, mas vive em lembrança,
No mate e na roda, guardo a esperança.
Porque na querência antiga, sempre vou voltar,
Nem que seja no sonho, pra um pouco ficar.
E ali, mateando com a saudade tão sentida,
Revivo o pago amado, a história da minha vida.