Entre Campo e Rio

No alvorecer do pampa, o campeiro se levanta,

Com a espora que tilinta e o flete que se adianta.

É manhã de campo largo, de pasto, couro e peleia,

Onde o vento sopra forte e a querência incendeia.

Arremata o laço firme, sem temer o boi astuto,

Na mão, o tempo enrijece o labor sem substituto.

Cada volta é um sustento, é suor sobre a bombacha,

No ofício de honrar o pago, sem tirar nem pôr a faixa.

Quando o sol começa a cair, é outro brio que chama,

Gaúcho troca a coxilha pelo remanso do mar de lama.

Com vara e anzol na mão, segue o passo do arroio,

É na água que a pesca surge, no silêncio do entojo.

Na espera do peixe, paciência e oração,

O campeiro se faz pescador, em comunhão.

Nas águas que espelham o céu e o passado,

Resgata no anzol o sustento sagrado.

Duas vidas, um destino que se desenha e refaz,

Entre campo e rio, o gaúcho encontra paz.

Com o lombo do flete e o anzol na maré,

Celebra o sul que pulsa em sua fé.

Thiago Sasso
Enviado por Thiago Sasso em 25/10/2024
Código do texto: T8181751
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