Entre Campo e Rio
No alvorecer do pampa, o campeiro se levanta,
Com a espora que tilinta e o flete que se adianta.
É manhã de campo largo, de pasto, couro e peleia,
Onde o vento sopra forte e a querência incendeia.
Arremata o laço firme, sem temer o boi astuto,
Na mão, o tempo enrijece o labor sem substituto.
Cada volta é um sustento, é suor sobre a bombacha,
No ofício de honrar o pago, sem tirar nem pôr a faixa.
Quando o sol começa a cair, é outro brio que chama,
Gaúcho troca a coxilha pelo remanso do mar de lama.
Com vara e anzol na mão, segue o passo do arroio,
É na água que a pesca surge, no silêncio do entojo.
Na espera do peixe, paciência e oração,
O campeiro se faz pescador, em comunhão.
Nas águas que espelham o céu e o passado,
Resgata no anzol o sustento sagrado.
Duas vidas, um destino que se desenha e refaz,
Entre campo e rio, o gaúcho encontra paz.
Com o lombo do flete e o anzol na maré,
Celebra o sul que pulsa em sua fé.