Alma Gaúcha

Nos pampas de horizonte largo,

onde o vento é companheiro e guia,

o gaúcho ergue seu peito amargo,

levando na alma a valentia.

Chapéu de aba larga, olhar certeiro,

espora que brilha, a vida a galopar,

é o chão de campo seu paradeiro,

ao trote da história, sem nunca parar.

Em roda de mate, histórias se cruzam,

no fogo do campo, a lida é partilhada,

e ao som do acordeon, corações se entrelaçam,

no abraço fraterno da pátria amada.

A bombacha, orgulho, a faca na mão,

símbolos da honra e do viver singelo,

pois, mais que o sul, é o próprio chão

que faz do gaúcho um eterno modelo.

E na dança do minuano frio,

que varre o campo e o coração,

o gaúcho encontra, bravio,

a força e a fé em sua tradição.

A saudade dos antepassados se mantém,

no verso, na trova, no olhar distante,

pois a alma gaúcha nunca vai além,

do pago querido, que guarda o semblante.