O Gaúcho e seu cusco
O GAÚCHO E SEU CUSCO
Nem bem o dia clareava
lá estava ele embaixo da figueira.
Suas companhias: o amargo
chimarrão e seu cusco
que faceiro lhe fazia festa.
O danado só faltava falar.
A figueira era um convite.
Ficava próxima da estrada.
Dali via o movimento dos carros.
Pensava então: Nesta tal tecnologia.
Dizem que existe Internet.
Ele não sabe o que é
nem para que serve.
Ao longo dos seus oitenta anos
muita coisa já viu.
Por isto nada mais lhe admira.
Sabe apenas que sua fé
em Deus é muito grande.
Coisas boas o homem sabe fazer.
As ruins também. Isto não o deixa ser feliz.
Então quando olha a sua volta percebe
que tem um único amigo,
seu cusco que nem raça tem
de tão a toa e fiel que é.
21/abril/04