Payada urbana
Das estepes gaudérias
donde o payador navega
atravessando as macega
árvores solitas, sérias
das doenças venéreas
que o homem difundiu
pensa o payador em tudo que viu
quando esteve mais cedo na cidade
consumo, estresse e velocidade
enterram a alma de qualquer civil.
Não quero mais aquilo
Pensa o gaúcho pacholeando
toca o ruano cavalgando
para viver no seu estilo
Ronco de bugio e grilo
mato e uma sanga gelada
pra chamar a gauderiada
não precisa muito esfoço
meio sapucai é o alvoroço
pra o acampamento da indiada.
Mas essa origem se desafia
pela existência da civilização
os rumos deste peão
nem com esforço desconfiaria
que pouco a ele não bastaria
na busca pelo conhecimento
e com o dito desenvolvimento
procurou conhecer o tal
e fantasiado de normal
embarcou suas crinas ao vento.
Na cidade grande, gente, gente,
gente que saltava do concreto
sem saber, bem por certo
a lógica dessa vertente
cuja água é o povo doente
na busca da felicidade
mas busca sem qualidade
vivendo sob a poluição
da sonora até a da visão
Essa gente não vive de verdade.
Mas na estrela do cruzeiro diz
Como manda o negrinho
que esse gaudério sozinho
já não sozinho, vai ser feliz
família, amor, sem perder a raiz
carregando a Lorena no peito
trabalha por um mundo direito
carneando desenvolvimento
com simplicidade e sentimento
de payador, alma e respeito.