GALPÃO DE SANTA FÉ
No galpão o fogo grande
A estancia ainda silenciosa
A indiada vai acordando
hora do mate e da prosa
Madrugada fim de maio
Toreando os primeiros frios
Pras noites largas de junho
De geadeiros a fios
Bom brasedo de branquilho
Um pingo quebrando milho
Na cuia o ronco do mate
Jujado com maçanilha
passando de mão em mão
Enquanto a peonada encilha
Um toro brasino berra
Escarvando na coxilha
campeiros se enfurnando
Nos fundões das invernadas
Campo aberto e tremedal
Salvando as rezes atolada
Sacando couro e curando
Umbigo de vitelos novos
De vacas recém paridas
Pra não dar boia pros corvos
A tardinha volta as casas
Desencilha a matungada
Em quanto berra a terneirada
Costeando a cerca da encerra
Muito cedo se fez o aparte
Desmamando a bezerrada
Lamento cruza os campos
Da vaca chorando a cria
Aumenta o ritual campeiro
Quando a noite engole o dia