TARDE DE AQUARELAS
A tarde borda aquarelas
Num poente maravilha
Alarga sombras as coxilhas
Num colorido profundo
Pela onduladas cismaria
Reluz um matiz de chumbo
Quando a noite esconde o dia
Pras profundezas do mundo
A aragem da briza noturna
Traz aroma de campo e mato
No mais terrunho retrato
Da noite preta que avança
Vem sussurros dos banhados
E murmúrios das nascentes
Dos olhos d,águas tordilhos
Num borbulhar de vertentes
Chego as casas desencilho
Meus sonhos vagam distante
Abraço-me na minha chorona
E num milongueio dolente
Recuerdos soqueia o peito
Da china que se faz ausente
E a saudade se debruça
Sobre a alma do vivente
A noite grogueira se espicha
A os floreios da cordiona
Um foguito que se empesa
Pra aquentar a cambona
O velho porongo morno
Aquece a palma da mão
Miro as brasas desmanchando
No borralho do fogão
Aninha-se dentro da alma
Os mandos do coração
Daquela china trigueira
Mais bela flor do rincão
A dona do desassossego
Que me golpeou de mau jeito
Maleva e atrevida saudade
Que arde e me queima o peito