TARDE DE AQUARELAS

A tarde borda aquarelas

Num poente maravilha

Alarga sombras as coxilhas

Num colorido profundo

Pela onduladas cismaria

Reluz um matiz de chumbo

Quando a noite esconde o dia

Pras profundezas do mundo

A aragem da briza noturna

Traz aroma de campo e mato

No mais terrunho retrato

Da noite preta que avança

Vem sussurros dos banhados

E murmúrios das nascentes

Dos olhos d,águas tordilhos

Num borbulhar de vertentes

Chego as casas desencilho

Meus sonhos vagam distante

Abraço-me na minha chorona

E num milongueio dolente

Recuerdos soqueia o peito

Da china que se faz ausente

E a saudade se debruça

Sobre a alma do vivente

A noite grogueira se espicha

A os floreios da cordiona

Um foguito que se empesa

Pra aquentar a cambona

O velho porongo morno

Aquece a palma da mão

Miro as brasas desmanchando

No borralho do fogão

Aninha-se dentro da alma

Os mandos do coração

Daquela china trigueira

Mais bela flor do rincão

A dona do desassossego

Que me golpeou de mau jeito

Maleva e atrevida saudade

Que arde e me queima o peito

ZECADIVINO
Enviado por ZECADIVINO em 08/01/2016
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