SAUDADES CAMPO E FLOR
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Fechava mês de setembro
Quase no fim da tosquia
Maria mole cobria os campos
E os ipês já floresciam
No grito de forma cavalos
Se recrutavam as tropilhas
Pra formar fletes de sonhos
Crioulos pra minha encilha
Na vida só encilhei mansos
Da minha marca e meu freio
E risquei pátria e querencia
Na servidão do arreio
Domar pra mim tem ciência
Do atar do queixo a enfrena
Pra fazer doce de boca
Um potro xucro e pavena
Ainda trago cheiro de pasto
Encrostado nas esporas
E as palmas das mãos calosas
De golpear queixos de feras
Pelas madrugas campeiras
Manhãs borradas de auroras
Arriscando a própria vida
Gineteando campo a fora
Já não domo mais não tropeio
Não escuto o berro do gado
Tudo ficou tão diferente
No campo esta tudo mudado
Se foram o sabor das frutas
O perfume da flor já não lembro
Não sinto o gosto doce do mel
E os aromas de setembro
Neste chão deixo meu rasto
Pra os que vierem depois de mim
para que os poetas campeiros
Redentores dos confins
Retrate em poesias
Os espelhos das lagoas
Refletindo a garça branca
Como um cristal vivo que voa