Polissemia
Paixão: Essa palavra mística
De contraposição poética
A pá e o chão, num simbolismo eclético
De tração deveras magnética.
Mãe, porque sou negro como a noite,
Trabalho de sol a sol debaixo de açoite?
Não perturbe vosso coração meu filho,
Somos filhos do sol, reis de nossos caudilhos.
Se és como a noite, à noite é eterna
Açoita-nos quem nos inveja,
Somos resistentes ao sol,
Cantamos cada dia à alegoria do arrebol.
Não turbe vosso coração, meu filho amado
Sois dono do vosso tempo, aqui estás enraizado,
Porém a semente de tua grande nação
Estarás para todo sempre em seu coração.
Negro, escuro, sombra, noite, anoitecer,
Temos sempre um universo a tecer
Na polissemia de nossa magnitude,
O significado de nossa plenitude.