Antonímia
Lá vai sinhozinho, carregando o caixão
No peito leva a alegria de uma grande paixão.
Coitadinha, a tuberculose a levou, doença maldita
Mas no peito dos poetas, uma inspiração infinita.
Que dor pungente esta de perder a amada.
Em casa versos entoam a revoada,
Na cama o peso da perda, o magoa
No sonho a alegria de revê-la lhe atordoa.
Esses amores que só trazem sofrimento
Não sei se foi Gonçalves ou se Castro
Que no peito só levou desalento
Perdendo a esperança como luz no alabastro.
Se entregar aos amores e ao idealismo
O sonho de liberdade em perfeito lirismo
O som das correntes nas pegadas do tempo
Palavras de amor sopradas ao vento.
Quem dera fosse apenas poesias
Na boca de um negro no fundo da senzala,
Porém tivesse a força que no açoite se cala
Ao som do chicote e tantas heresias.
Cantando as alegrias de um triste coração.
O romantismo poético se tece na profunda ilusão
Que nos corações aos poucos se escrutinia
Essa doença de eterna antonímia.