Fonética
Foi assim que se concretizou o tal do descobrimento.
Os sons de nossa terra com os sons de além mar
Mas foi contando mentiras filosóficas, no entanto
Que jesuítas e conquistadores quiseram nos educar.
Nossos sons, como fonemas não quiseram escutar
Mas nossas terras ricas e belas
Com árvores, flores e pássaros em aquarelas
Quiseram nos levar.
Foi lá pelos idos de 1500, que letra por letra
Numa monumental operação
Perdemos palavras maravilhosas, Pau Brasil, Jequitibá, Aroeira, Araribá,
Que sílaba por sílaba num empirismo sem fim
Tiraram o que era símbolo do nosso coração.
Em monossílabos contestávamos
Em dissílabos reclamávamos
Em trissílabos chorávamos
Mas éramos índios, filhos da terra, nossas palavras inúteis
Nossa resignação em vão, éramos os conquistados
Servíamos apenas como escravos
Na mão de qualquer capitão.
Gritam os reis das florestas, nas tribos guerreiras tupi
Porém, respeito à história na nossa terra querida,
Em oxítonas palavras, apenas nos dias de hoje
Em passeios sem relevância, ás vezes confuso com o trânsito
Foi em nomes de ruas que vi.
Estamos sempre confusos
Com nossa pátria e mestra língua
Porém, na ordem do dia em dígrafos e encontros consonantais
Caboclo, abanheén, cabrocha, itanhaém
Incriminamos a fonética, esquecemos nossas raízes
Pois não sabemos de onde vem.