VÉU
Abri os meus olhos no escuro,
Consciente de que toda a funcionalidade
Existente dentro do quarto pudesse,
De alguma forma, me dizer como deveria
Pensar em outros cenários além daquele,
Cuja a fome era o espectro dominante,
Puro sangue, muita carne e alma em demasia.
Era pele a pele, numa profusão complementar
De indivisíveis alucinações eróticas
Que não seriam insensíveis ao tocar os lábios,
Nem rememorar todas as vezes em que o fogo
De alguma maneira surgia em ambientes improváveis
Para que a dissipação inumana desenvolvesse
Alguns momentos de pura ruptura,
Onde a mentalidade daria lugar ao instinto,
Uma invenção puramente animal.
Eu era febril até conhecer a tempestade
E desenvolver outro olhar sobre essa dose
Renascente do âmago e propícia a conflitos
Tão internos quanto a minha língua escondida
Entre dentes que rangem a cada batida do coração,
E deságua numa consoante sinfonia com cada passo
Entre breves falas e muitos olhares.
Há o que há por não saber mediante
Os tempestuosos solavancos mentais
Internos pelas bases do olhar soturno
Em tardes pequenas de puro calor
E noites ainda mais quentes num despudor
Repleto de despautério selvagem,
Com ardor, com timidez pecaminosa e o temor
De nada consolidar sem o ápice do toque.