MAR DE LETRAS
Há tempos eu quero escrever você
Digo, escrever você literalmente
Quero colocar você em palavras
Mas você me escapa
As palavras não encaixam seu ser
Você é como as águas do mar, só que mais molhada
Ah... As águas que me banhavam, molhavam-me
Era como se nunca secasse, a chuva não parava
Mas eu falei, eu não sei nadar e, mesmo assim, entrei nesse mar
E eu, que tenho medo de mar,
Aventurei-me em você, afogava-me no seu ser
E, por suas águas, às margens eu fui jogada
Hoje, fico ali, parada, vendo as águas escorrer
Contendo minha vontade de se precipitar em você, posso não sobreviver
Não sentindo você, questiono o meu viver
Se hoje escrevo você, coloco em palavras secas, é porque,
Dentro do mar, meus olhos não abriam, mas meu corpo sentia
Fora do mar, vejo, e sinto, por já não mais sentir, as águas que outrora me banhavam.