DESEJOS
De nós os dissabores
da necessidade do outro.
Apreciação espontânea
que se inicia e logo morre.
Dos outros, o despudor,
de querer por querer
sem o mínimo
de seletividade emocional.
Ora, amar seria
mordiscar o fruto,
a carne macia,
e provar
do caldo adocicado:
loucura perspicaz
de quem ama loucamente.
Seria querer, acima de tudo,
banhar-se com a nódoa
peculiar alheia,
gota a gota.
No fim de tudo,
sejamos natural performance,
representações do meio
descobertas na intimidade.