SACROSSANTO DELEITE
Derrama Senhor sobre mim o teu amor!
O leite não chora por ele derramado
Tem-se um regozijo. Um deleite de leite.
N’um leito enluarado de grito
Derrama Senhor...
Derrama sobre mim o teu amor!
Bem aqui em meu ventre.
Terra úmida. Fértil.
Coquetel de húmus a bailar na via-láctea.
N’um alvo caminho que pintei no universo.
Derrama Senhor...
Derrama Senhor sobre mim o teu amor!
Que navegarei neste líquido branco cintilante
Cortando mares!
Desbravando terras!
Ventos!
Tempestades!
Raios claros de nuvem que atingem meu sonho.
Meu útero
Trompas ligadas por um lascivo fio prateado
Derrama Senhor...
Derrama senhor Sobre mim o teu amor!
Abençoa esta terra seca. Rachada
Do Sertão.
Sê então o senhor meu de todos as noites
Embevecida de transcendência.
Nirvana de gotas cândidas a luzir
No vácuo suado da boca
Do mundo.