NOS LÁBIOS
(Sócrates Di Lima)
Nos lábios me levastes ao céu,
No olhar sorrisos provocantes,
No corpo um favo de mel,
Colmeias de corpos de amantes.
Eu me lembro, ah! Se me lembro...
Loucuras mil,
Cada beijo eu relembro,
Fazia meu olhar anil.
Gemidos de desejos plenos,
Borbulhas de amor em selvagem amar,
Corpos ardentes obscenos...
Prazeres infinitos capazes de agonizar.
Lembranças que não morrem,
Nem se acabam como tempos vindos,
Diuturnamente surgem,
Nas noites de saudades em dias findos.
E como nada se esquece,
Nem as marcas que as bocas deixem,
Quando o prazer de amar encaixado envelhece,
Sem jamais deixar que se desencaixem.
Eu me recordo...
Nos lábios as pronuncias de amor,
Mesmo que algumas lágrimas em desacordo,
Banharam a saudade na dor.
Ah! Como eu, ainda, imagino...
Naquelas noites inacabáveis,
Que me faziam de homem menino,
Na idade viril tão saudáveis.
Quantas vezes me perdi nos teus braços,
Nas banheiras de prazeres sem fim,
Nos leitos em pétalas de flores e laços,
Eu dentro de ti e tu dentro de mim....
Quão delicioso ouvir nossas canções,
Tocadas nas nossas vinte e quatro horas,
Hoje sons agentes de ilusões,
Gosto de vontades nos lábios d' agora.
Assim, por mais que o tempo passe...
E leve consigo a esperança, enfim!
De um dia querer que a loucura retornasse,
E matasse de vez, esta saudade em mim.
Digo-vos ao longe dos olhos plácidos...
Que vergo desejos de sonhos unilaterais...
E Que começam nos desejos lúcidos,
E morrem nos lábios mordidos de desejos reais.