Saga de um desejo
 
Veículo inevitável o desejo
Representante encarnado das dimensões bárbaras da alma
Dos porões abertos
Líquido e certo vetor que num lampejo
Desafia a calma
Dosa de aflita alegria as virtudes pudicas e quietas
Que se poupa em pompas pra evitar esse dia
 
Batalha perdida contra alguma nobreza
Move-se por dentro em ardis abjetos
Mecânicos gestos
Bruscos instrumentos
Ora enleva-se como pluma em relaxantes hiatos
Noutra incrédulo joga-se como a se despedir do mundo
Ao ver o objeto da sua existência existir de fato
 
Sórdido o desejo avança as suas artimanhas
Automatiza os braços, nervos e sentidos
Em um querer incontido
Vestido de um despido voraz apetite
Envolve entorpecido entre o burlesco e a manha
Embora seja sério o desejo altera, festeja e libera
Um mundo vão nauseabundo em fecunda boa e nova era