Conquista casual
Noite ardente de quinta,
um copo de vinho usual tilinta
num de whisky estranho à mesa.
De repente, como que de surpresa
um desejo novo invade latejante,
imigrante ilegal, cruza fronteiras
arromba portas, destrói igrejas,
e funda a cidade proibida.
Beijo ardente na fila do caixa,
coxa entre coxas apertada na saia
e, antes que assim saia a calcinha,
num descompasso, por um momento,
a dança lasciva segue seus passos
para dentro de um carro no estacionamento.
E o desejo estrangeiro conquista a cidade santa,
mama no peito os seus novos direitos,
arranca o tecido da bandeira branca
e a hasteia no mastro liquefeita.