FORRÓ BÃO
O xote, na praça, explodia,
vozes esganiçadas.
Vigário a fingir que não via
as coxas entrelaçadas.
A moça carola num canto
e o sacristão na colinha.
Nos olhos, nada de santo,
pecado, na mente, ele tinha.
Seu delegado agarrava,
no escuro, sua afilhada.
Ela, aflita, gostava,
de ser assim bolinada.
Noivinhos cheios de tesão,
acharam um lugar seguro.
Nus, rolavam no chão,
abreviando o futuro.
O rapaz diferente
buscava um outro encontrar.
Dançava, como serpente,
bunda a balançar.
Assim o forró prosseguia,
ninguém sendo de ninguém.
Noite se foi, já é dia.
Acordo atracado com alguém.