Palpável
Esse podia ser um poema palpável
Sobre desejos palpáveis
E prazeres palpáveis
E respostas talvez mais ainda.
Mas esses versos nem viram metáforas
Aquém tanta incompreensão,
Interrogação,
E contradição,
E negação tanta que nunca finda!
Mas de uma coisa o poema sabe:
A luxúria se olhou no espelho
E borrou a pudícia da boca.
Escondeu-se nos seus fetiches.
Esperou ser chamada de louca.
Celibato? Nunca!
Esconder-se na castidade
É o contrário do pleonasmo.
Mas metade aprendeu a ser toda
E descobriu a esquina do orgasmo.
E da noite onde alguém não há,
Abrigou seu entusiasmo.
Fingimento? Pureza? Loucura?
Quem se importa em ter a resposta?
Meus prazeres são tão palpáveis
Quanto o vento que beija o rosto.
Meus desejos são tão abstratos
Quanto o nome, o cheiro e o gosto.