Poema Sobre uma Noite de Amor
Carlos Drummond de Andrade

Satânico é meu pensamento a teu respeito
E ardente é o meu desejo de apertar-te em minha mão
Numa sede de vingança incontestável pelo que me fizeste ontem
A noite era quente e calma
E eu estava em minha cama, quando, sorrateiramente
Te aproximaste
Encostaste o teu corpo sem roupa no meu corpo nu
Sem o mínimo pudor!
Percebendo minha aparente indiferença
Aconchegaste-te a mim
E mordeste-me sem escrúpulos.
Até nos mais íntimos lugares
Eu adormeci.
Hoje quando acordei
Procurei-te numa ânsia ardente
Mas em vão.
Deixaste em meu corpo e no lençol
Provas irrefutáveis do que entre nós ocorreu durante a noite
Esta noite recolho-me mais cedo
Para na mesma cama, te esperar
Quando chegares, quero te agarrar com avidez e força
Quero te apertar com todas as forças de minhas mãos
Só descansarei quando vir sair o sangue quente do seu corpo.
Só assim, livrar-me-ei de ti...
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Pernilongo Filha da Puta.
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Carlos Drummond de Andrade
Enviado por Socrates Di Lima em 11/01/2014
Reeditado em 11/01/2014
Código do texto: T4644829
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