ZÉ DA LUZ

ZÉ DA LUZ

Percorrendo com a lanterna de Diógenes

Os caminhos visionários do sertão,

Vi em cena um poeta alfaiate

Escrevendo na areia com espinho

Traços retos, repletos de inflexões,

Meias-luas, ferraduras e ogivas.

O poeta, meio triste, ao som de sinos

Repicados na Matriz da Conceição,

Afogava o seu fogo nordestino

Com trinados, toadas e arrulhos

Que a zabumba e o triângulo ritmavam,

Num estouro, desenlace, rasga véu

De segredo penetrável, claro enigma.

De textura, de arcabouço e construção

Fina e seca como o Rio Paraíba

Os seus versos, possuindo claridade,

Irrigando com a força das torrentes

Velhos troncos de história liquefeita

Da largura de um povo em sequidão.

Fábio Mozart
Enviado por Fábio Mozart em 13/03/2008
Código do texto: T899397