ZÉ DA LUZ
ZÉ DA LUZ
Percorrendo com a lanterna de Diógenes
Os caminhos visionários do sertão,
Vi em cena um poeta alfaiate
Escrevendo na areia com espinho
Traços retos, repletos de inflexões,
Meias-luas, ferraduras e ogivas.
O poeta, meio triste, ao som de sinos
Repicados na Matriz da Conceição,
Afogava o seu fogo nordestino
Com trinados, toadas e arrulhos
Que a zabumba e o triângulo ritmavam,
Num estouro, desenlace, rasga véu
De segredo penetrável, claro enigma.
De textura, de arcabouço e construção
Fina e seca como o Rio Paraíba
Os seus versos, possuindo claridade,
Irrigando com a força das torrentes
Velhos troncos de história liquefeita
Da largura de um povo em sequidão.