CARRETA DE INOCÊNCIAS
O canto de meus amores
é uma carreta perdida.
Cada eixo de ilusões
cochicha a canção ao vento.
Geme a garganta dos sonhos
e é um sussurro de estrelas
gemendo na boca do Cristo
– sua coroa de espinhos.
Toda a vez, meus irmãos,
em que a carreta dos ventos
chora o cio dos amores,
delato a santa inocência.
Há um sorriso futuro
que se perdeu num lançante
e num lampejo insolente,
frustrou-se a coruja do brete.
Ainda hoje os amores
são perdidos espíritos.
S’esconde no final do mate
a seiva da liberdade.
Esta canção resistente
é a que me faz sentir vivo.
É o olho do tempo rodando
n’alguma esquecida quimera.
Sempre que olho o horizonte
range o rancho sobre duas luas
e na picanha do boi Suspiro
sangra o aguilhão da saudade.
– Do livro A BABA DAS VIVÊNCIAS, 2009/13.
http://www.recantodasletras.com.br/poesias/847638