A FAMÍLIA REUNIDA
No fogão, a fome caveira devorava
No feijão com farinha, o bebê soluçava
Na mixaria do pai, a cachaça o enervava
No desespero da mãe, a humilhação lhe sangrava
No cansaço do pai, a cama lhe pesava
Na cola do filho, um assalto ajudava
Na prostituição da filha, um trauma a mais rogava
Na foto de casados, um sonho agonizava
Na doença do caçula, o Pedrinho rico nem ligava
No barzinho de esquina, na sinuca do pai, o tempo passava
Na novela mexicana, a mãe delirava
Na igreja distante, a esperança na morte agradava
Na amante mais nova que a mãe, o pai se lambuzava
No ódio calado do dia, o milagre do pão não enchia o bucho que roncava...