LAMENTO DE UM RIO

O que te angustia, oh Carangola?

Rio de minha infância, que por muitas vezes se fez

colorido e no serpentear de suas águas, dança e

canta os encantos de seus mistérios.

O que te causou tanto furor?

Creio que só manifestastes, como um de nós um

extremo de dor, o clamor da mãe natureza que,

arrancou seu suspiro e em prantos

dividiu conosco o seu lamento.

De onde vem teu sofrimento?

Ah Carangola, eu vivencio sua angústia!

A lama que deixastes foi só para ensinar, que,

diante das intempéries da vida, precisamos deixar

o barro secar.

Humilde e respeitosamente te peço:

volte ao seu descanso, calmo e sereno.

E no doce trafegar pelas encostas e barrancos, ensina-nos

que a vida é assim,

como um rio.