AS RIBANCEIRAS DA NOSSA CASA

Bem em frente a nossa casa

Onde antes eu morava

Havia duas ribanceiras

A ribanceira alta

E a ribanceira baixa

A ribanceira alta

Tinha um banco na ponta

Onde sentávamos na noite de luar

Para contar as estrelas

E ver o aparelho passar

A ribanceira baixa

A água vinha beijar o pé

Na época de cheia

A gente vinha na carreira

Saltávamos da ribanceira

Cada cidadão tinha o seu Porto

E o seu cedro

Onde amarrava a canoa

Que também servia

Para tomar banho e lavar a roupa

Hoje, não se fala mais das ribanceiras

Não se tem mais cedro

Canoa, deixa o proprietário com sono

Das noites de insônia, preocupado

Os portos não tem mais dono.

Obs: o cedro, tronco de árvore grande, que desciam o rio, amarradas no Porto, que serviam para embarcar, prender as canoas e lavar roupas pelas lavadeiras.

As ribanceiras as quais me refiro, foram sepultadas pelo muro de arrimo.

O aparelho, era uma luzinha que andava no céu, não era avião, não piscava.

Autor: José Gomes Paes

Poeta e escritor filho de Urucará

Membro da Abeppa e Alcama