PAISAGEM
O agito, o sufocado grito,
O embate infinito,
Com tantos eus dentro de si,
O outrora, o agora, o aqui,
O enviesado porquê,
A palavra suspensa,
A injusta sentença,
O ter que viver à mercê,
Da incerta sorte,
Certa é a presença da morte.
A crença, a descrença,
No que se vê - no que não se vê,
O peso da realidade,
A fugacidade,
A sertaneja velhice,
O sentir-se,
Como um despetalado ipê,
A solidão plantada,
Na alma indefesa,
Na terra cinzelada,
Terra que um dia foi mar...?
O vão de estranhezas,
A vontade de pegar a estrada,
E se mandar,
Para onde não haja sertão.
O olhar que embaça,
A vontade que passa...
Com a rara aragem.
Fica a indomável paixão,
Que no vão se apruma,
Fica a única convicção,
Ela e a árida paisagem,
São uma.