O CABOCLO METIDO A ESCREVER POESIA
Cordel
Nao sou um caboclo letrado
Mas sou um caboclo metido
Metido a escrever poesia
Pode não ser do seu agrado
Mas de outros tenho ouvido
Que escrevo com maestria
Olha aqui seu moço
Eu escrevo bem a gosto
Procuro colocar no tema
Palavras com emoção
Que saem do coração
Nas estrofes do poema
Preste atenção camarada
Não escrevo de agora
Escrevia cartas a namorada
No Barco de Linha enviava
Nesse mar de Rio afora
Beijinhos pra namorada
Falo muito de pescaria
Já puxei muito Aracú
Pois sou caboclo do interior
Pacu que não faltava
Sardinha só de cambada
Lá da popa do motor
A minha cidade querida
Conto história de antigamente
Sempre vai estar no topo
Das brincadeiras de criança
Saudade da minha infância
Do meu tempo de garoto
Aos meus amigos de infância
Deles tenho muita saudade
Aqui vai minha saudação
São pessoas que não esqueço
Guardo sempre com aprêço
No fundo do coração
No tempo de curumim
Tudo meu pai ensinava
No comércio fui cacheiro
No rio fui pescador
Na mata fui caçador
Na padaria fui padeiro
Na madrugada acordava
Para ajudar na padaria
Cedo o pão quentinho saía
Juntos com meus primos
E os padeiros Eduardo, Roldão, Joaquim Padeiro, amigos
Para atender a freguesia.
Com 13 anos de idade
Tive que ir para Manaus
Onde vive minha mocidade
Com a finalidade de estudar
Trabalhar pra me sustentar
Sob os brios dessa grande cidade
Já se passaram tanto tempo
Há 53 anos cheguei
Mas de Urucará não esqueço
Todos os anos vou visitar
Jamais deixei de amar
E guardo no fundo do peito
Tem que respeitar meu amigo
Me orgulho de ser caboclo
Nasci na terra dos burubus
Do cesto uru e o cará
As origens de Urucará
E do Lago do Aricuru
Sou grato por ter nascido
Nessa bendita terra
Da padroeira Santana
Terra abençoada por Deus
Que cuida dos filhos seus
Que herdamos como herança.
Aqui finalizo esse cordel
Fica pra outra oportunidade
Tenho muita coisa pra contar
Dos tempos felizes vividos
Que jamais foram esquecidos
Da minha mãe querida Urucará
Em: 12/10/2019
Autor: José Gomes Paes
Poeta Urucaraense
Membro da Abeppa e Alcama