O VILAREJO

Morava em uma velha casinha

De madeira era formada

Por mais simples que fosse

Agradecia pela pousada

Desde cedo boia fria

Não pode estudar

Aos oito o trabalho

Para ter comida no lar

Não entendia a vida

Toda essa diferença

Migrante do nordeste

Aqui sofre ofensa

Sempre desprezado

De Alagoas é oriundo

Desde cedo a realidade

O abismo entre mundos

Comeu o pão que o diabo amassou

Quando tinha de comer

Com onze conheceu a morte

O pai veio a falecer

Sujeito batalhador

Pela exaustão castigado

O corpo desmoronou

Trabalho escravizado

Mesmo sem compreender

Conheceu a desigualdade

A falsa meritocracia

Imposta como verdade

Jorge Machado
Enviado por Jorge Machado em 25/07/2019
Reeditado em 25/07/2019
Código do texto: T6703889
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