O VILAREJO
Morava em uma velha casinha
De madeira era formada
Por mais simples que fosse
Agradecia pela pousada
Desde cedo boia fria
Não pode estudar
Aos oito o trabalho
Para ter comida no lar
Não entendia a vida
Toda essa diferença
Migrante do nordeste
Aqui sofre ofensa
Sempre desprezado
De Alagoas é oriundo
Desde cedo a realidade
O abismo entre mundos
Comeu o pão que o diabo amassou
Quando tinha de comer
Com onze conheceu a morte
O pai veio a falecer
Sujeito batalhador
Pela exaustão castigado
O corpo desmoronou
Trabalho escravizado
Mesmo sem compreender
Conheceu a desigualdade
A falsa meritocracia
Imposta como verdade