Um pouco de Minas - II
Corgo Fundo
Francisca brigou com o pai
Se envolveu com um circulista*
e de uma hora pra outra
deu no pé, sumiu de vista
Nem sinal pra onde foi
Quase dois anos depois
Mandou telegrama avisando
Hoje estou em Campinas
Sexta-feira tô chegando
Senti saudade de Minas
E chegou, de manhãzinha
Deu adeus pro motorista
A jardineira seguiu
e junto a poeira da pista
Uma Francisca diferente
Modos de capitalista
Foi logo pedindo bença
O pai dela aceitou
Achou o gesto bonito
Esqueceu as desavenças
Na volta do meio dia
Sol bem no meio do céu
Ela vestiu um maiô
Pôs na cabeça um chapéu
A roupa o pai reprovou
Os vizinhos se espantaram
Num teve quem num oiô
Disse que ia pro corgo
pra espantar o calor
podiam ficar sossegados
porque na praia de Santos
virou nadadora e tanto
Foi pra beirada do corgo
Viu um cupinzeiro alto
Subiu nele e deu um salto
Feito gente preparada
Bateu com a canela na pedra
Um perigo d’outro mundo
Corgo Fundo era só o nome
que distinguia o lugar
Pra morrer faltou um triz
Mas não demorou melhorar
Ficou só a cicatriz
Para ela se alembrar:
Corgo Fundo não é mar
Nem tampouco é piscina
Cupinzeiro é tão-somente
uma morada de cupim
não pode ser confundido
co'esse tal de trampolim
___________________________
*circulista = nome dado a quem trabalha no circo (assim se diz(ia) no interior de Minas)
___________________________
Interações:
//////e prossegue o poético amigo Wander Dunguel. Obrigada !!!!////
Corgo é bom demais da conta, sô
Trem bão é letra com cheiro,
Desse tempero mineiro,
facim de se viciar