Cana-tinga

Cana-tinga, a flor dos pampas,

Espalham-se nas envernadas

E, soltas aos ventos, chimpas,

Fartas cachopas alouradas.

As moitas de melenas ruivas,

Erguendo-se como um pendão,

Fazem dissipar as brumas

Nas escarpas de um espigão.

É lindo ver suas plumas

Se espalhando ao vento,

Me fazem lembrar das suas

No rincão do pensamento.

E, de tardinha nos campos,

Ao espraiar-me da dura lida

À sombra dos áureos ramos,

Choro a milonga sentida.

São belas tranças castanhas,

Tal qual do cusco é a crina,

Mas o xiru nas campanhas

Jamais se esquece da china.

E, numa tarde de tez dourada,

Com o capim d'ouro em testilha,

Voltarei pra ti, minha amada,

A mais linda flor das coxilhas.

Kleber Versares
Enviado por Kleber Versares em 01/02/2019
Reeditado em 18/04/2023
Código do texto: T6564991
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