"Pandorga" reminiscências

Varetas de taquara compridas,

Papel de embrulhar o pão,

Rabo de pano bem colorido,

Um rolo de barbante de algodão.

Farinha com água no preparo do grude,

Papel emendado, bem colada armação,

Pronta a pandorga de estilo mais rude,

Soltar ao vento era a maior diversão.

As vezes soltava a pandorga nas dunas,

Onde ventava mais forte, aumentando a emoção.

Minha pandorga, não sei se por sina...

Era sempre pesada para sair do chão,

Precisava de auxílio no momento de empinar,

Para que ela voasse, igual a um avião.

Quando soprava o vento do norte,

Chamado por todos de "nordestão",

Este era o meu vento de sorte,

Até sentia-me como um campeão,

Não havia pandorga que acompanhasse,

A minha rude pandorga de papel de pão.

Nesse dia, o que eu mais almejava,

Era poder voar, como minha pandorga,

Olhar lá do alto em toda a cercaria...

Voltava somente quando noitinha,

Como todos os dias fazem as andorinhas,

Que voam serenas, e voltam quietinhas.

Autor: Wilson Rosa da Fonseca

WILSON FONSECA
Enviado por WILSON FONSECA em 02/08/2007
Reeditado em 20/05/2008
Código do texto: T589974
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