"Pandorga" reminiscências
Varetas de taquara compridas,
Papel de embrulhar o pão,
Rabo de pano bem colorido,
Um rolo de barbante de algodão.
Farinha com água no preparo do grude,
Papel emendado, bem colada armação,
Pronta a pandorga de estilo mais rude,
Soltar ao vento era a maior diversão.
As vezes soltava a pandorga nas dunas,
Onde ventava mais forte, aumentando a emoção.
Minha pandorga, não sei se por sina...
Era sempre pesada para sair do chão,
Precisava de auxílio no momento de empinar,
Para que ela voasse, igual a um avião.
Quando soprava o vento do norte,
Chamado por todos de "nordestão",
Este era o meu vento de sorte,
Até sentia-me como um campeão,
Não havia pandorga que acompanhasse,
A minha rude pandorga de papel de pão.
Nesse dia, o que eu mais almejava,
Era poder voar, como minha pandorga,
Olhar lá do alto em toda a cercaria...
Voltava somente quando noitinha,
Como todos os dias fazem as andorinhas,
Que voam serenas, e voltam quietinhas.
Autor: Wilson Rosa da Fonseca