Caatinga Amarela
A caatinga rala a céu aberto
O sol tine a pino
A terra áspera crepita
Os urubus disputam a pútrida carnificina.
As pedras duras, surdas, mudas e agudas
Os mandacarus disformes, ferozes e atrozes
Lutam num embate de facas e espingardas
Se metamorfoseiam em caboclos
Do faroeste encantado.
Na terra seca as duras saraivas saltam
Saltam pedras, pedrisco, pedrugulhos e pedradas
Como chuva nas telhas
Que das bicas no chão caem.
A terra se abre em fendas
ganha vida, ela sente e se mexe como bicho
E cada vez mais se abre
Sua grande boca aflita
Implora pelo desejado líquido
Amarelos lírios nordestinos,
Amarelos olhos e sorrisos,
Amarelo a seca várzea, a roça, o sol
as campinas e os girassóis.
Amarelo a vida seca e Nordestina,
De gente “exangue”, de pura rubra raça
Da sangrenta piçarra,
Vê-se o rio virar o mar vermelho
Não vês a cor do céu?
Azul sem falhar
Nem nuvens, nem árvores
Que possam aos miseráveis sombrear.
Tu não vês a capoeira?
Que de tão triste e desolada
Já não chora esta terra seca,
Porque de lágrimas já não se vale.
- O violeiro sôfrego - tem suspiros no coração;
Os pés na terra seca à sonhar com a fértil plantação.
Os olhos fitos no mar
Quando longe do seu sertão se põe a chorar…
E com a rabeca nas mãos,
Cantilenas tristes e saudosas saem de seu coração
Pois vivo acostumado à seca
E não a este estranho marulhar
Que tende ao meu sertão
Com essa saudade e tristeza transbordar,
Ah faz este sertão virar mar, quando eu voltar pra lá...