Pedras agrestes
Nenhuma sombra de nuvem na terra
Lá fora o sol a pino
O céu — miragem do mar —
A água que se bebe com os olhos
A sede que não se pode matar
Lá fora é onde está o perigo
A hora perigosa,
Da tarde, de madrugada,
Do meio-dia...
O silêncio que se quebra com o canto da cigarra
Anda nas madrugadas
A ladra de galinhas
Na espreita dos galinheiros a raposa tinhosa.
De noite — O homem que vira bicho—
De dia — O bicho vira homem—
Esse bicho se chama lobisomem.
A terra daqui não é macia
As pedras da terra são
DURAS
Pon
ti
a
gu
das
Cortantes
Mortais.
Ouço as pedras chamejarem
Debaixo dos pés,
Vejo-as encravadas
E o sangue a estancar
Das feridas escarnadas.