Pedras agrestes

Nenhuma sombra de nuvem na terra

Lá fora o sol a pino

O céu — miragem do mar —

A água que se bebe com os olhos

A sede que não se pode matar

Lá fora é onde está o perigo

A hora perigosa,

Da tarde, de madrugada,

Do meio-dia...

O silêncio que se quebra com o canto da cigarra

Anda nas madrugadas

A ladra de galinhas

Na espreita dos galinheiros a raposa tinhosa.

De noite — O homem que vira bicho—

De dia — O bicho vira homem—

Esse bicho se chama lobisomem.

A terra daqui não é macia

As pedras da terra são

DURAS

Pon

ti

a

gu

das

Cortantes

Mortais.

Ouço as pedras chamejarem

Debaixo dos pés,

Vejo-as encravadas

E o sangue a estancar

Das feridas escarnadas.

Camila Arruda
Enviado por Camila Arruda em 02/10/2013
Reeditado em 05/10/2013
Código do texto: T4507768
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2013. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.