SECA E DOR

Ouço o balir das crianças

famintas do meu sertão...

Balindo, sim! são ovelhas

a enfrentar o leão...

Leão mau e inclemente

que devora o coração...

Levando embora a esperança

destruindo meu rincão...

Com fome... com frio... e nu!

Vive a criança tristonha...

Até o negro urubu

substituiu a cegonha...

A inclemência do tempo

não basta ao indiferente,

que não combate a desgraça...

Vendo o sofrer dessa gente!

Quer ver, altaneiro e forte,

o sertanejo caído!

Ferido fundo no peito!

Estendido em seu leito,

com o corpo dolorido

a esperar pela morte!